Quando Helena sobe com os dois pés no puleiro do seu quarto, Helena vira sininho. Vira enfeite de varanda, daqueles que o vento bate e transforma em canção.
De lá, Helena balança mais alto, flutua além do segundo andar e vê a vida de cima. Vê vizinhos que vacilam sobre o skate, vê a velinha viúva com o seu poodle, vê a dona Vera varrendo a calçada, vê um viajante com seu mapa, vê um casal que há muito não se via. Vê a vida que falta na sua vida. Vê que sua vida não vale ser vivida. Helena é uma suicida de janelas baixas.
Veio o vento, violento. Helena voou.