Mania de dissecar palavras

Eu tenho mania

De dissecar palavras

Sento à mesa

Ponho o óculos

Afio e firmo a pena

 

Pronta.

 

A primeira

Infla no peito

Salta na boca

CORAÇÃO

 

Cravo a ponta-bisturi

Na vontade de rasgar

o que me é vital

 

Começo no C,

a curva que se fecha em punho

Encontro o O em ciclo

R corta reto e firme a camada que vem

 

Chego no A,

No meio

Que se avermelha

Pelo medo de ser partido

 

Coração em duas partes

vira cliché

 

O C se apressa

E deixa um rastro

De sangue

Na veia pulsante

 

A surge gigante

E abre a boca na vontade

De engolir o mundo

Que pensa carregar

 

Enfim a última proteção:

O fino e suave

Que acaba no centro

oco e vazio

 

O amor não mora no coração

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